A OXFAM divulgou recentemente um novo Relatório
intitulado 'Uma economia para os 99%', cujas informações são assustadoras. A concentração
da riqueza e o aumento da desigualdade já não são só elevadas e crescentes,
senão que chegamos as raias da INDECÊNCIA. É inacreditável! 8 bilionários
acumulam juntos tanto riqueza quanto detém os 3,3 bilhões de habitantes mais
pobres do planeta. É estarrecedor e triste ao mesmo tempo. Abaixo transcrevemos
uma parte do Relatório. Ele pode ser encontrado na íntegra AQUI, neste blog.
As perguntas que não querem calar: O que fazem os governos? O que fazem as
organizações internacionais? Quando teremos um mundo mais justo?
Boa leitura!
Francisco Roberto CaporalUma Economia para os 99%
Chegou a hora de promovermos
uma economia humana que beneficie todas as pessoas, não apenas algumas. Novas
estimativas indicam que o patrimônio de apenas oito homens é igual ao da metade
mais pobre do mundo. Enquanto o crescimento beneficia os mais ricos, o restante
da sociedade – especialmente os mais afetados pela pobreza – sofrem. O desenho
e a estrutura das nossas economias e os princípios que dão base a decisões
econômicas nos levaram a essa situação extrema, insustentável e injusta. Nossa
economia precisa parar de recompensar excessivamente os mais ricos e começar a
funcionar em prol de todas as pessoas. Governos responsáveis e visionários,
empresas que trabalham no interesse de trabalhadores e produtores, valorizando
o meio ambiente e os direitos das mulheres, e um sistema robusto de justiça
fiscal são elementos fundamentais para essa economia mais humana.
Já se passaram quatro anos
desde que o Fórum Econômico Mundial identificou o aumento da desigualdade
econômica como uma grande ameaça à estabilidade social e três anos desde que o
Banco Mundial vinculou seu objetivo de erradicar a pobreza à necessidade de se
promover uma prosperidade compartilhada. Desde então, e embora lideranças mundiais
tenham se comprometido a alcançar um objetivo global de reduzir a desigualdade,
o fosso entre os ricos e o restante da sociedade aumentou. Essa situação não
pode ser mantida.
Como o presidente Obama
afirmou no seu discurso de despedida na Assembleia Geral da ONU em setembro de
2016, "um mundo no qual 1% da humanidade controla uma riqueza equivalente
à dos demais 99% nunca será estável".
No entanto, a crise de
desigualdade global continua inabalável:
• Desde 2015, o 1% mais rico detinha mais riqueza
que o resto do planeta.
• Atualmente, oito homens detêm a mesma riqueza
que a metade mais pobre do mundo.
• Ao longo dos próximos 20 anos, 500 pessoas
passarão mais de US$ 2,1 trilhões para seus herdeiros – uma soma mais alta que
o PIB da Índia, um país que tem 1,2 bilhão de habitantes.
• A renda dos 10% mais pobres aumentou cerca de
US$ 65 entre 1988 e 2011, enquanto a dos 1% mais ricos aumentou cerca de US$
11.800, ou seja 182 vezes mais.
• Um diretor executivo de qualquer empresa do
índice FTSE-100 ganha o mesmo em um ano que 10.000 pessoas que trabalham em
fábricas de vestuário em Bangladesh.
• Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente
realizada pelo economista Thomas Pickety revela que, nos últimos 30 anos, a
renda dos 50% mais pobres permaneceu inalterada, enquanto a do 1% mais rico
aumentou 300%.
• No Vietnã, o homem mais rico do país ganha
mais em um dia do que a pessoa mais pobre ganha em dez anos.
Se nada for feito para
combatê-la, a desigualdade crescente pode desintegrar nossas sociedades. Ela
aumenta a criminalidade e a insegurança e mina o combate à pobreza. Ela gera
mais pessoas vivendo com medo do que com esperança.
O resultado do plebiscito
Brexit, a vitória de Donald Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos, o
aumento preocupante do racismo e a desilusão generalizada com a política
tradicional indicam cada vez mais que um número crescente de pessoas nos países
ricos não está mais disposto a tolerar o status quo. Por que elas deveriam
tolerá-lo, já que a experiência indica que a situação atual gera estagnação de
salários, empregos precários e um fosso cada vez maior entre ricos e pobres? O
desafio é o de construir uma alternativa positiva – e não um modelo que acentua
as divisões.
O cenário nos países pobres
é complexo na mesma medida e tão preocupante quanto. Centenas de milhões de
pessoas foram retiradas da pobreza nas últimas décadas, o que representa uma
conquista da qual o mundo deve se orgulhar. No entanto, uma em cada nove
pessoas ainda vai dormir com fome. Se a desigualdade não tivesse aumentado ao
longo desse período, outras 700 milhões de pessoas, a maioria mulheres, não
estariam vivendo em condições de pobreza atualmente. Pesquisas indicam que três
quartos da extrema pobreza poderiam ser efetivamente eliminados imediatamente
usando recursos já disponíveis, aumentando a tributação e reduzindo gastos
militares e outros gastos regressivos.
O Banco Mundial deixou claro
que, sem redobrar seus esforços para combater a desigualdade, as lideranças
mundiais não alcançarão o objetivo de erradicar a extrema pobreza até 2030.
A situação poderia ser
diferente. As reações populares à desigualdade não precisam aumentar as
divisões. O relatório Uma economia para os 99% analisa como grandes empresas e
pessoas super-ricas estão acirrando a crise da desigualdade e o que pode ser
feito para mudar essa situação. Ele considera as falsas premissas que têm nos
levado por esse caminho e mostra como podemos criar um mundo mais justo, baseado
em uma economia mais humana – uma economia na qual as pessoas, não os lucros,
são mais importantes e que prioriza os mais vulneráveis.
*Fonte: OXFAM –
Janeiro de 2017. www.oxfam.org.br
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